Google-Translate-Portuguese to GermanGoogle-Translate-Portuguese to EnglishGoogle-Translate-Portuguese to SpanishGoogle-Translate-Portuguese to French

domingo, dezembro 18, 2011

Dez perguntas para Jean Paul Prates

1) O que representa a energia eólica para a economia do Rio Grande do Norte?
Em primeiro lugar, representa virar o jogo energético: nos últimos 4 anos, passamos da condição de importadores absolutos de energia para a de provedores regionais. Isso significa investimento e PIB gerado aqui no Estado e conforto energético para atrair outros setores para o RN e para dar qualidade de vida aos nossos cidadãos.Representa também gerar pelo menos 10 empregos diretos e 15 indiretos para cada MW instalado, ou seja, se cerca de 50.000 empregos até 2015.

2) Após os últimos leilões de energia eólica, como estão os investimentos?
Em 2008, o RN se preparou como poucos para enfrentar a competição dos leilões de 2009 e 2010. Fizemos o dever de casa de mobilizar investidores, diminuir incertezas regulatórias e fundiárias, agilizar a burocracia e tomamos iniciativas concretas quanto à logística local. Ainda lideramos nacionalmente a reivindicação da participação das eólicas nos leilões federais. Fomos campeões nacionais de todos os leilões (exceto um em 2011) e, graças a isso, somos o Estado com mais projetos em construção/contratados: mais de 2 mil MW, contra cerca de mil na Bahia, 700 no Ceará e 500 no Rio Grande do Sul. Em termos de investimentos, isso significa que asseguramos, desde 2009/2010, mais de 7 bilhões de reais para o RN. E, com mais leilões pela frente, podemos atingir os 9 bilhões de reais a serem investidos até 2014.

FD/Nominuto
3) Quantas empresas já estão instaladas?
E quais as áreas mais disputadas?Em função de algumas vantagens fiscais e regulatórias, cada parque eólico é registrado como uma empresa separada, mesmo que subsidiárias de um mesmo grupo empresarial que tenha vários empreendimentos. Se contabilizarmos cada empreendimento, são mais de 60 pessoas jurídicas novas, todas com sede no RN. Se considerarmos grupos empresariais, ainda assim é um número significativo: cerca de 15. As áreas mais procuradas são o Litoral Norte, a região do Mato Grande e as Serras, em especial a de Santana. Mas já há projetos se alastrando por novas áreas no interior, como Lages, Angicos, e o Seridó. Estamos acompanhando esta interiorização com otimismo.

4) Como se dá o processo de instalação de uma empresa de eólica no Rio Grande do Norte?
Há uma fase inicial de prospeção, em que se firmam contratos com proprietários de terras e se instalam anemômetros em torres de até 130m de altura. Segue-se uma fase de avaliação do potencial e de elaboração de um projeto de parque eólico (posicionamento dos aerogeradores, acesso às linhas de transmissão, planos de obra etc.). Nesta fase também é necessário definir uma estratégia de comercialização da energia, seja nos leilões federais ou no chamado "mercado livre" (onde se negocia com o comprador diretamente). A instalação do parque, propriamente dito, só se dá quando tudo isso estiver definido e for considerado viável pelo investidor. Há o risco de algum ou alguns destes fatores falharem e o projeto não ir a leilão. Quando dizemos que garantimos os investimentos acima mencionados é porque estes empreendimentos já foram a leilão e receberam um contrato de compra de energia. Portanto, sairão do papel com certeza.

5) As licenças ambientais são os maiores desafios?
Juntamente com a logística de escoamento de energia, sim. E tenho que alertar que serão cada vez mais, pois à medida que a boa prospecção e a má especulação avançam, começarão a surgir projetos eólicos de difícil execução ou de viabilidade duvidosa. E também projetos em áreas ambientalmente difíceis ou até impossíveis. Não vamos nos espantar se começarmos a ver projetos simplesmente vetados pelo órgão ambiental por absoluta inexequibilidade.

6) Como o Governo do Estado está tratando a questão?
Sem dúvida, o setor não aprovou a extinção (no Governo Iberê) e a não-recriação (no Governo Rosalba) da Secretaria de Energia. Um estado que já se perfila como provedor energético regional, grande produtor de petróleo e gás, sede de uma refinaria, líder em energia renovável no país e com o potencial que tem a desenvolver não pode restringir este setor ao terceiro escalão de governo. Era um erro das administrações anteriores que a Governadora Wilma soube descortinar ao criar a Secretaria de Energia. Louvavelmente, temos uma Secretaria de Recursos Hídricos porque o Governo Garibaldi fez as adutoras. A energia é um investimento pelo menos 10 vezes maior e que não termina com as obras. Requer acompanhamento e planejamento contínuos. Justifica-se muito mais uma estrutura para gerir isso. Apesar disso, o Secretário Benito Gama, em meio a ter que cuidar de todos os demais setores econômicos demandadores de energia, tem conseguido manter atenção especial sobre os projetos eólicos. Ele é muito capaz e a equipe da SEDEC também. No IDEMA, a recente constituição de um núcleo especial para as eólicas foi extremamente positiva. Torcemos e apoiamos muito para que tudo continue dando certo.

FD/Nominuto

7) Os setores empresariais locais estão inseridos no processo de instalação das eólicas?

Sim. Este é um trabalho que deve muito a duas pessoas: o ex-Presidente da FIERN, Flavio Azevedo, e o Diretor Geral do SEBRAE-RN, Zeca Melo. Eles, mais do que ninguém no Estado, trabalharam para criar as bases para que os setores empresariais locais ingressassem e fossem capacitados para aproveitar ao máximo este ciclo. A FIERN, o CTGas-ER, o SENAI-RN, o SEBRAE-RN e outras entidades têm este papel importantíssimo a consolidar.

8) Sempre se falou que a energia eólica é cara para quem produz e para quem consome. É isso mesmo?
Era assim até 2009.Graças ao seu inédito sistema de leilões reversos (onde o menor preço ganha), o Brasil agora é onde se pratica o preço de energia eólica mais competitivo do mundo. Cerca de U$60/MWh, algo inimaginável até três anos atrás. Países pioneiros neste tipo de geração renovável como a Dinamarca, o Canadá, a Alemanha, os EUA e a Espanha ainda rondam os U$120 a U$160/MWh. Por isso, todos os olhos desta indústria no mundo estão hoje voltados para o Brasil

9) O Rio Grande do Norte pode se tornar auto-suficiente em energia nos próximos anos?
Quando assumi a Secretaria de Energia em 2008, este foi meu compromisso - que você registrou em entrevista. Quando a deixei, apesar de precocemente, este compromisso já estava alcançado: o RN hoje tem capacidade instalada para, se necessário, gerar sozinho a sua própria demanda energética. Isso não é só em eólicas, claro. Conta também a Termoaçu, a biomassa da BioFormosa e as térmicas emergenciais de Macaíba, além de 7 parques eólicos já em operação. E lembrando que o Estado saiu do zero, em 2003.

10) Qual o papel do CERNE, que o senhor dirige, na discussão de energia renovável no Rio Grande do Norte?
Ter o vento e sol não é tudo. Inúmeras outras variáveis se alinham para viabilizar estes projetos: investimento, tecnologia, mercado, preço e mão-de-obra são os componentes essenciais de um setor industrial integral. O CERNE é uma entidade empresarial da qual participam grupos importantes como Petrobras, CPFL, EDP, Martifer, Serveng, Abengoa, Eletrobras entre outros. Representamos hoje um PIB superior a 230 bilhões de reais. Todos são grupos que, de uma forma ou outra, ajudamos a trazer para o RN. O CERNE não trabalha só neste segmento e sim em tudo o que se refere a recursos naturais, incluindo a mineração e o sal, o petróleo e o gás, recursos hídricos etc. O importante é que o foco das ações e estratégias é o RN e a região em que ele se insere, o Nordeste Setentrional do Brasil.

DD.

Nenhum comentário: