Com investimento de R$ 8 bilhões, o número de parques eólicos no Brasil
mais que duplicou nos últimos dois anos. Em 2009, eram 33 unidades, agora são
71. Até 2016, a expectativa é de que outras 218 estações sejam instaladas.
Ainda assim, o Brasil não estará nem perto de atingir sua capacidade eólica. Juntos, os parques que já operam, têm potencial para gerar 1,4 gigawatt (GW)
por ano, sendo que a capacidade brasileira de geração gira em torno de 350 GW
por ano, mais do que suficiente para abastecer todo o País. Para se ter uma
ideia, o consumo energético nacional é de 117 GW por ano.
A energia eólica é considerada nova no País, começou a começou a ser
utilizada em 2004. Mesmo assim, a presidente-executiva da Associação Brasileira
de Energia Eólica (Abeeólica), Elbia Melo, avalia que o Brasil está caminhando
para se tornar uma potência no setor. Segundo dados da Abeeólica, a energia
proveniente dos ventos corresponde hoje a apenas 1,3% da matriz energética
brasileira. Até 2014, o setor deve alcançar 5,6%. "É pouco, mas
considerando que estamos falando de uma energia jovem é um crescimento
significativo. Além disso, ainda há muito espaço para avanços
tecnológicos", explica.
Mapas eólicos indicam que os ventos no País são fortes, constantes e sem
rajadas, uma grande vantagem em relação a outras nações. Isso faz com que a
parte dos ventos que é efetivamente transformada em energia seja maior. É
possível aproveitar de 42% a 45%, podendo chegar a 50%, em locais de Belo
Horizonte. Já a média europeia é de apenas 32%. Essa característica colabora
para baratear o custo da energia eólica. Prova disso é que, atualmente, a
energia eólica produzida no Brasil é a mais barata do mundo. Custa cerca de R$
105,00 por megawatts/hora (MWh), enquanto a europeia sai, em média, R$ 300,00
por MWh. "A energia eólica já se firmou como fonte limpa, renovável e competitiva.
Se antes tínhamos dúvidas disso, agora não temos mais", diz Elbia.
Na comparação com outras fontes de geração, a eólica também vem ganhando
destaque. É a segunda mais barata, perdendo apenas para a hidráulica (entre R$
80,00 e R$ 90,00 por KW/h). Com leilões de 2009 à 2011, o governo contratou
quase 3 GW de energia eólica para os próximos 5 anos. Para atender à demanda
criada, a capacidade instalada eólica quintuplicará durante o período.
Para Elbia, se 2011 foi o ano da consolidação da energia eólica na matriz
energética nacional, 2012 será o da solidificação da indústria do setor. Não só
dos parques de geração, mas também da cadeia produtiva. Atualmente, existem dez
empresas fabricantes de equipamentos no País. Outras duas devem se instalar aqui
até o final do ano. "A expectativa para esse ano é consolidar a indústria
como um todo, com todas as partes da cadeia", diz Elbia.
Sobre a possibilidade de explorar outras regiões além da nordeste e sul,
a presidente-executiva da Abeeólica é otimista. Ela revela que, com novas
tecnologias, é possível produzir torres cada vez mais altas com maior
capacidade de captação de ventos. A partir disso, estuda-se explorar os Estados
de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Torres de medição já foram
instaladas para verificar se compensa investir nessas áreas. As pesquisas ainda
não foram finalizadas, mas já apresentam sinais positivos.
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