Inovações tecnológicas e investimentos públicos barateiam custo de
geração, revelam potencial surpreendente no Brasil e abalam de novo mito de que
“não há alternativas” limpas ao petróleo 2011 foi o ano da maturidade da
energia eólica. Nos leilões de energia, firmou-se como a segunda energia mais
barata, logo após a hidrelétrica. Substituiu as térmicas a gás, pelo fato dos
projetos em curso já terem absorvido a produção nacional de gás até 2020.
Mostrou-se mais competitiva que a biomassa e as PCHs (Pequenas Centrais
Hidrelétricas). Neste caso, devido aos altos custos da construção civil, em um
mercado aquecido.
O principal avanço do setor foi o custo do capital, que caiu muito nos
últimos anos. Quando foi lançado o Proinf (Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
de Energia Elétrica), em 2002, o custo de capital era de R$ 6,4 milhões por
MWh. Hoje em dia, está em R$ 3,4 milhões.
A principal razão dessa queda foram os ganhos tecnológicos decorrentes
da experiência acumulada de 2004 para cá. O fator líquido de capacidade (quanto
da capacidade instalada se converte em energia efetiva) saltou de 32% para 45%.
Contribuíram para isso, de um lado, a elevação das torres, que
saltaram de 50 metros de altura para 108 metros, captando ventos mais fortes e
constantes. Depois, avanços nos motores
e nas hélices, a partir de tecnologia importada da aeronáutica, no perfil
aerodinâmico da pá, na capacidade de retirar o máximo da força do vento e
transformar o movimento da hélice em energia.
Mas o principal fator de diferença de preços entre Brasil e Europa é a
qualidade dos ventos nacionais. E ainda há uma vantagem extra de que as
energias eólica e hidráulica são complementares: quando chove muito, venta
menos; e viceversa. Assim, em tempos de estiagem há maior produção de energia
eólica. Apenas Canadá e Noruega possuem essa característica. Houve
contribuição, também, dos estudos meteorológicos.
Em 2001 foi publicado o primeiro Atlas Eólico Brasileiro. Mediram-se
os ventos a uma altura de 45 metros. Este ano sairá a versão atualizada, mas aí
medindo as correntes de vento a uma altitude de 100, 120 metros.
Os estudos estão sendo conduzidos pelo CEPEL (Centro de Pesquisa e Tecnologia
de Eletricidade da Eletrobras) junto com o Coppe, trabalhando em estreito
contato com o INPA (Instituto Nacional de Pesquisas Aeropespaciais).
Provavelmente o potencial eólico medido será o triplo do Atlas 2001.
Naquele, o potencial total era estimado em 143 GWh; no novo, em 300.
Além disso, descobriram-se potenciais de vento fora do litoral,
especialmente no interior da Bahia, em uma faixa que se estende por Ceará e
Piauí.
A expansão do setor tem dois momentos cruciais. O primeiro, em 2004,
quando surge o Proinfa regulamentando lei de 2001, criada na época do
racionamento. O segundo, quando a então Ministra das Minas e Energia, Dilma
Rousseff, precisou regulamentar o setor. Foram necessários os primeiros
incentivos para sinalizar os fabricantes de bens de capital, esperando colher
os frutos no futuro.
Hoje em dia, praticamente todas as grandes empresas de energia
elétrica investem em energia eólica. Também entraram no setor grupos
não-tradicionais.
Blog de Luís Nassif – 18/01/2012
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